Processo de Implementação do IFRS: um ensaio teórico sobre as justificativas relacionadas a resistências às mudanças organizacionais sob a teoria de Lewin

Autores

  • Camila Pereira Boscov Professora do Insper (SP)
  • Gabriel Ribeiro Rezende Insper (SP)

DOI:

https://doi.org/10.17524/repec.v10i4.1353

Palavras-chave:

implementação do IFRS, mudanças organizacionais, etapas de mudança de Lewin (1947), resistência à mudança.

Resumo

O processo de implementação do International Financial Reporting Standards (IFRS) nas empresas brasileiras ocasionou diversas mudanças organizacionais, gerando em algumas delas, em diferentes intensidades, o fenômeno de resistência à mudança. A ocorrência desse fenômeno fez com que a adequação às novas normas fosse prejudicada. Este artigo tem como objetivo justificar as diferentes formas de resistência encontradas por Boscov (2013) em três empresas brasileiras, que estavam passando pelo processo de convergência internacional das normas contábeis, sob o olhar das três etapas de mudança propostas por Lewin (1947). Espera-se que, utilizando a teoria de Lewin, potenciais justificativas para a incidência do fenômeno de resistência à mudança das normas contábeis sejam levantadas e melhor compreendidas. Para isso, foi realizado um ensaio teórico acerca do tema resistência à mudança em razão da implementação do IFRS. Após o estudo, foi concluído que, das três empresas acompanhadas por Boscov (2013), somente uma companhia conseguiu atingir a implementação plena das novas normas com a ausência de resistência. Nas outras duas empresas, há o fenômeno de resistência à mudança, nas quais os números gerados pelo IFRS não são usados de forma consensual no processo de tomada de decisão. Aponta-se como causa desse fenômeno a percepção inicial, por parte dos agentes nas empresas, de que a mudança não traria grandes benefícios ao processo de tomada de decisão da companhia. Para estudos posteriores, recomenda-se uma análise de como está o fenômeno de resistência nessas duas companhias atualmente e ampliação da amostra de estudo.

Biografia do Autor

Camila Pereira Boscov, Professora do Insper (SP)

Doutora em Ciências Contábeis pela USP

Gabriel Ribeiro Rezende, Insper (SP)

Graduando em Economia pelo Insper (SP)

Referências

Appelbaum, S. H., Degbe, M. C., MacDonald, O., & Nguyen-Quang, T. (2015). Organizational outcomes of leadership style and resistance to change (Part One). Industrial & Commercial Training, 47(2), pp. 73-80. doi:10.1108/ICT-07-2013-0044.

Araújo, K. D., Cornacchione, E. B. Jr., Reginato, L., & Suzart, J. A. S. (2014, abril-junho). Percepção dos impactos da adoção das ifrs na contabilidade gerencial sob a ótica dos professores de programas de pós-graduação stricto sensu em contabilidade. Revista Universo Contábil, 10(2), pp.105-124. doi:10.4270/ruc.2014214

Bareil, C. (2013). Two paradigms about resistance to change. Organization Development Journal, 31(3), pp. 59–71.

Bonn, I., & Pettigrew, A. (2009). Towards a dynamic theory of boards: an organisational life cycle approach. Journal Of Management & Organization, 15(1), pp. 2-16. DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S1833367200002844

Boscov, C. P. (2013). Mudanças organizacionais observadas durante o processo de implementação dos pronunciamentos do CPC baseados nas IFRS. Tese de doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Burnes, B., & Cooke, B. (2013). Kurt Lewin's Field Theory: A Review and Re-evaluation. International Journal Of Management Reviews, 15(4), pp. 408-425. Doi: 10.1111/j.1468-2370.2012.00348.x

Cunha, M. P., & Rego. A. (2002). As duas faces da mudança organizacional: planeada e emergente. Universidade nova de Lisboa, Lisboa, Portugal.

Daft. R. L. (2006). Organizações: teorias e projetos (7 ed.) . (Moreira, C., K. Trad.) São Paulo: Pioneira Thomson Learning (Obra original publicada em 2001)..

Daft, R. L. (2002). Processos de tomada de decisão. In R. L. Daft. Organizações: teorias e projetos. (C. K. Moreira, Trad.). (Cap. 11). São Paulo: Pioneira Thomson Learning. (Obra original publicada em 2001).

Delassus, V. P., Vandelannoitte, A. L., & Descotes, R. M. (2014). La résistance au changement de nom de marque: ses antécédents et ses conséquences sur le capital de marque. (French). Management International / International Management / Gestión Internacional, 18(3), pp. 45-59.

Feldman, M. S., & Pentland, B. T. (2003). Reconceptualizing Organizational Routines as a Source of Flexibility and Change. Administrative Science Quarterly, 48(1), pp. 94-118.

Ford, J. D., Ford, L. W., & D'Amelio, A. (2008). Resistance to Change: The Rest of the Story. The Academy of Management Review, 33(2), pp. 362-377.

Georgalis, J., Samaratunge, R., Kimberley, N., & Lu, Y. (2015). Change process characteristics and resistance to organisational change: The role of employee perceptions of justice. Australian Journal Of Management (Sage Publications Ltd.), 40(1), pp. 89-113. doi:10.1177/0312896214526212

Giangreco, A., & Peccei, R. (2005). The nature and antecedents of middle manager resistance to change: evidence from the Italian context. International Journal of Human Resource Management, 16(10), pp.1812-1829. doi: 10.1080/09585190500298404

Gibson, J. L., Ivancevich, J. M., Donnelly J. R., James H., & Konopaske, R. (2006) Organizações: comportamento, estrutura e processos (12a ed). (Cuccio, S. S. M., Trad.) São Paulo: Mc Graw Hill. (Obra original publicada em 1976).

Gonçalves, J. C., Batista, B. L., da Silva Macedo, M. A., & da Costa Marques, J. V. (2014). Análise do impacto do processo de convergência às normas internacionais de contabilidade no Brasil: um estudo com base na relevância da informação contábil. Revista Universo Contábil, 10(3), pp. 25-43. doi:10.4270/ruc.2014318

Hernandez, J. M. C., & Caldas, M. P. (2001). Resistência a mudança: uma revisão crítica. Revista De Administração De Empresas, 41(2), pp. 31-45. doi:10.1590/S0034-75902001000200004

Hon, A. H., Bloom, M., & Crant, J. M. (2014). Overcoming resistance to change and enhancing creative performance. Journal of Management, 40(3), pp. 919-941. doi:10.1177/0149206311415418.

Kanter, R. M., Stein, B. A., & Jick, T. D. (1992). The challenge of organizational change: how companies experience it and leaders guide it. New York: free press.

Kisil, M. (1998). Gestão de mudança organizacional (Vol. 4). São Paulo: Faculdade de saúde pública da Universidade de São Paulo.

Lewin, K. (1947) Frontiers in group dynamics. In. D. Cartwright. (Ed.) Field theory in social science: selected theoretical papers. New York: harper torchbook,. cap. 9, pp.188–237

Macedo, M. A. S., Machado, M. A.V., & Machado, M. R. (2013). Análise da relevância da informação contábil no brasil num contexto de convergência às normas internacionais de contabilidade. Revista Universo Contábil, 9(1), pp. 65-85. doi:10.4270/ruc.2013104

Macedo, M. A. S., Machado, M. A.V., & Machado, M. R. (2013). Análise da relevância da informação contábil no brasil num contexto de convergência às normas internacionais de contabilidade. Revista Universo Contábil, 9(1), pp. 65-85. doi:10.4270/ruc.2013104

Mariana, P., Daniela, B., & Nadina, R. R. (2013). Forces that enhance or reduce employee resistance to change. Annals Of The University Of Oradea, Economic Science Series, 22(1), .1606-1612.

Mariana, P., Daniela, B., & Nadina, R. R. (2013). Forces that enhance or reduce employee resistance to change. Annals Of The University Of Oradea, Economic Science Series, 22(1), pp. 1606-1612.

Mário, S. N., & Edmundo, E. F. (2000). Estrutura organizacional e equipes de trabalho: estudo da mudança organizacional em quatro grandes empresas industriais. Gestão & Produção, 7(2), pp. 136-145. doi:10.1590/S0104-530X2000000200004

Sacomano Neto, M., & Escrivão Filho, E. (2000). Estrutura organizacional e equipes de trabalho: estudo da mudança organizacional em quatro grandes empresas industriais. Gestão & Produção, 7(2), pp. 136-145. doi:10.1590/S0104

Mintzberg, H., & Westley, F. (1992, december 1). Cycles of Organizational Change. Strategic Management Journal, pp. 39-59. DOI: 10.1002/smj.4250130905

Nickel, D., & Coser, C. (2007). Mudança organizacional, aprendizagem e estresse: um estudo de caso numa IES. REGE - Revista de Gestão, 14(3), pp. 91-106. DOI: http://dx.doi.org/10.5700/issn.2177-8736.rege.2007.36607

Palmer, B. (2015). Measure your organization's readiness for change. The Journal for Quality and Participation, 37(4), pp. 8-10.

Palmer, B. (2015). Making Change Work. Journal For Quality & Participation, 37(4), pp. 1-2.

Razali, M. Z., & Vrontis, D. (2010). The Reactions of Employees Toward the Implementation of Human Resources Information Systems (HRIS) as a Planned Change Program: A Case Study in Malaysia. Journal of Transnational Management. 15(3), pp. 229-245. doi:10.1080/15475778.2010.504497

Rossetto, C.R., Cunha, C. J. A., Orssatto, C. H., & Martignago, G. (1996). Os elementos da mudança estratégica empresarial: um estudo exploratório. Teoria e evidência econômica, v. 4, n. 7/8.

Sales, J. D., Silva, P. K. (2007). Os fatores de resistência à mudança organizacional e suas possíveis resultantes positivas: um estudo de caso na indústria calçados bibi do município de Cruz das Almas – BA. Semead – seminários em administração FEA-USP, São Paulo, Brasil, 10.

Salvador, A., Trés, E.K., Costalonga, F. B, Pelissari, A.S., & Silva, A.R.L. (2010). A contextualização da resistência à mudança na cultura, nas relações de poder e no clima organizacional. Seget – simpósio de excelência em gestão e tecnologia, Resende, Rio de Janeiro, Brasil, 7.

Silva, J. G., & Vergara, S. C. (2003). Sentimentos, subjetividade e supostas resistências à mudança organizacional. RAE: Revista De Administração De Empresas, 43(3), pp. 10-21. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-75902003000300002

Smollan, R. (2011, autumn). Engaging with Resistance to Change. University Of Auckland Business Review, 13(1), pp. 12-15.

Szabla, D. B. (2007). A Multidimensional View of Resistance to Organizational Change: Exploring Cognitive, Emotional, and Intentional Responses to Planned Change across Perceived Change Leadership Strategies. Human Resource Development Quarterly, 18(4), pp. 525-558. DOI: 10.1002/hrdq.1218

Wood Jr., T. (1992). Mudança organizacional: uma abordagem preliminar. Revista De Administração De Empresas, (3), pp. 74-87. doi:10.1590/S0034-75901992000300009

Umble, M., & Umble, E. (2014). Overcoming resistance to change. Industrial Management, 56(1), pp.16-21. DOI: 10.1016/j.ijproman.2015.01.008

Vilkas, M., & Stancikas, E. (2006). Modelling of Planned Change of Organizational Work Processes in Terms of Process' Internal Structure. Engineering Economics, 49(4), pp. 76-86.

Publicado

11-10-2016

Como Citar

Boscov, C. P., & Rezende, G. R. (2016). Processo de Implementação do IFRS: um ensaio teórico sobre as justificativas relacionadas a resistências às mudanças organizacionais sob a teoria de Lewin. Revista De Educação E Pesquisa Em Contabilidade (REPeC), 10(4). https://doi.org/10.17524/repec.v10i4.1353

Edição

Seção

Artigos