Deficiências de Controles Internos, republicações e opinião do auditor:
evidências no mercado brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.17524/repec.v15i3.2876Palavras-chave:
Deficiências de Controles Internos, Republicações, Opinião do Auditor, Parágrafos de ÊnfaseResumo
Objetivo: Analisar a associação entre Deficiências de Controles Internos (ICWs), opinião do auditor e as republicações das Demonstrações Financeiras (DFs) das empresas listadas no Brasil, Bolsa e Balcão B3, que compuseram o IBrX 100.
Método: A pesquisa, que se configura descritiva, documental e com abordagem quantitativa, utilizou dados obtidos no sítio eletrônico da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no período de 2010-2018. A análise foi realizada por meio das técnicas de estatística descritiva, testes de diferenças entre médias/ medianas/proporções, teste do Qui-quadrado e análise de correlação.
Resultados: Verificou-se que 23,27% das observações apresentaram alguma ICW. Observou-se uma média de 35,58% de republicações, porém, apenas 2,73% ocorreram por exigência da CVM. Adicionalmente, 1,11% dos relatórios de auditoria apresentaram opinião qualificada. Não se verificou associação entre divulgação de ICW, republicações das demonstrações e o tipo de opinião do auditor. Entretanto, observou- se associação entre o reporte de ICW e os parágrafos de ênfase, sugerindo que eles podem servir como sinalizadores de fragilidades decorrentes de deficiências, embora não tenham ensejado a emissão de opinião modificada por parte do auditor.
Contribuições: O estudo oportuniza a discussão sobre a atuação dos reguladores na investigação de opiniões emitidas pelos auditores e a subnotificação de republicações das demonstrações financeiras.
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