Participação feminina nos programas de pós-graduação na área de Ciências Sociais Aplicadas no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.17524/repec.v16i4.3114Palavras-chave:
gênero feminino, pós-graduação, política científica, regiãoResumo
Objetivo: Apesar da participação das mulheres estar mais frequente em ambientes acadêmicos que outrora, a entrada tardia delas nesse meio pode atuar como limitador de sua presença nos programas de pós-graduações no país. Assim, este estudo teve por objetivo analisar a participação feminina em programas de pós-graduação na área de Ciências Sociais Aplicadas de 2010 a 2019.
Método: Para a construção deste estudo, foram selecionados os dados do Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), referente às produções de mestrado e de doutorado, entre os anos de 2010 e 2019 na área de Ciências Sociais Aplicadas. Encontrou- se um total de 98.116 publicações, sendo 81.454 dissertações e 16.662 teses, que foram catalogadas por gênero, atribuindo-se H para o público masculino e M para o público feminino. Com os dados obtidos, identificou-se que 48,66% eram produções femininas e 51,34% eram produções masculinas. Resultados: Os resultados da pesquisa indicaram o crescimento da participação feminina em programas de pós-graduação, especialmente em relação ao mestrado, ao longo dos anos. Do total das produções acadêmicas femininas, tem-se que 83,39% foram dissertações e 16,61% foram teses. Os cursos com maior presença feminina são administração pública e de empresas, ciências contábeis e turismo que, juntos, detêm 28,75% das publicações, e direito com 23,71% do que foi produzido no período.
Contribuições: Concluiu-se que a presença do gênero feminino nos programas de pós-graduação na área de Ciências Sociais Aplicadas vem aumentando ao longo dos anos. Contudo, é possível identificar que sua presença no maior nível de titulação analisada, o doutorado, ainda é inferior à presença dos homens. Dessa maneira, esse trabalho se torna relevante para fomentar discussões da presença feminina na academia brasileira e sobre os fatores limitantes para sua presença no ambiente acadêmico.
Referências
Amaral, M. A., Emer, M. C. F. P., Bim, S. A., Setti, M. G., & Gonçalves, M. M. (2017). Investigando questões de gênero em um curso da área de Computação. Revista Estudos Feministas, 25, 857-874. doi: https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n2p857
Andrade, C. B., & Monteiro, M. I. (2018). Teachers of nursing: gender, trajectories of work and of formation. Pro-Posições, 29(2), 210. doi: https://doi.org/10.1590/1980-6248-2015-0155
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Sobre as áreas de avaliação. Brasil. 2022. Recuperado de https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/avaliacao/sobre-a-avaliacao/areas-avaliacao/sobre-as-areas-de-avaliacao/sobre-as-areas-de-avaliacao
Cardoso, L. D. R. (2016). Relações de gênero, ciência e tecnologia no currículo de filmes de animação. Revista estudos feministas, 24, 463-484. doi: https://doi.org/10.1590/0104-026X2016v24n2p463
Carvalho, M. E. P. D., & Rabay, G. (2015). Usos e incompreensões do conceito de gênero no discurso educacional no Brasil. Revista Estudos Feministas, 23, 119-136. doi: https://doi.org/10.1590/0104-026X2015v23n1p/119
Caseira, F. F., & Magalhães, J. C. (2015). “Para mulheres na ciência”: uma análise do programa da L’Oréal. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, 10(2), 1523-1544. doi: https://doi.org/10.21723/riaee.v10i6.8335
Cruz, M. H. S. (2019). QUESTÕES SOBRE AS DIFERENÇAS DE GÊNERO NO ENSINO SUPERIOR. Revista Temas em Educação, 28(1), 114-137. doi: https://doi.org/10.22478/ufpb.2359-7003.2019v28n1.24695
Da Luz Leite, L., & de Oliveira Pátaro, C. S. (2013). Diferenças de gênero e juventude: um estudo a partir das vivências de estudantes de ensino médio do município de Campo Mourão-PR. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, 8(2), 403-420. doi: https://doi.org/10.21723/riaee.v8i2.5735
De Melo, C. I. B. (2017). Relações de gênero na matemática: o processo histórico-social de afastamento das mulheres e algumas bravas transgressoras. Revista Ártemis-Estudos de Gênero, Feminismos e Sexualidades, 24(1), 189-200. DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8214.2017v24n1.34424
De Souza, R. M. F., Baia, M. W. M., Costa, I. C. M., Machado, R. S., Mendes, A. L. B., & Souto, M. V. (2017). Análise Bibliométrica dos Artigos Científicos em Finanças Publicados na Revista de Administração de Empresas (RAE) da FGV/SP, no período de 2006 a 2016. Administração: Ensino e Pesquisa, 18(3), 489-517. DOI:10.13058/raep.2017.v18n3.631
Do Carmo, J. C., de Moura Pires, M., de Jesus Jr, G., Cavalcante, A. L., & Trevizan, S. D. P. (2016). Voice of nature and women in resex/BA: environmental and gender sustainability based on ecofeminism/Voz da natureza e da mulher na resex de Canavieiras-Bahia-Brasil: sustentabilidade ambiental e de genero na perspectiva do ecofeminismo. Revista Estudo Feministas, 24(1), 155-181. doi: https://doi.org/10.1590/1805-9584-2016v24n1p155
Federal, B. S. T. (1988). Constituição da república federativa do Brasil. Supremo Tribunal Federal. Recuperado de https://repositorio.observatoriodocuidado.org/bitstream/handle/handle/1499/Constitui%C3%A7ao%20Federal.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Ferri, C., da Cruz Duarte, B. K., & Neitzel, A. A. (2018). O acadêmico ingressante na educação superior: perfil, escolhas e expectativas. ETD-Educação Temática Digital, 20(3), 781-804. doi: https://doi.org/10.20396/etd.v20i3.8649245
Gindri, E. T., & Budó, M. D. N. (2018). Privilégios de gênero e acesso ao discurso acadêmico no campo das ciências criminais. Revista Direito e Práxis, 9, 2041-2070. doi: https://doi.org/10.1590/2179-8966/2018/29572
Grossi, M. G. R., Borja, S. D. B., Lopes, A. M., & Andalécio, A. M. L. (2016). As mulheres praticando ciência no Brasil. Revista Estudos Feministas, 24, 11-30. doi: https://doi.org/10.1590/1805-9584-2016v24n1p11
Guedes, M. D. C. (2008). A presença feminina nos cursos universitários e nas pós-graduações: desconstruindo a ideia da universidade como espaço masculino. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 15, 117-132. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-59702008000500006
Humanos, D. U. D. D. (1948). Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris. Recuperado de: http://www. dudh. org. br/wp-content/uploads/2014/12/dudh. pdf.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil. Rio de Janeiro. 2018. Recuperado de https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf
Lara, L. F., de Campos, E. A. R., Stefano, S. R., & de Andrade, S. M. (2017). Relações de gênero na polícia militar: narrativas de mulheres policiais. Holos, 4, 56-77. doi: https://doi.org/10.15628/holos.2017.4078
Leta, J. (2003). As mulheres na ciência brasileira: crescimento, contrastes e um perfil de sucesso. Estudos avançados, 17(49), 271-284. doi: https://doi.org/10.1590/S0103-40142003000300016
Lima, B. S. (2013). O labirinto de cristal: as trajetórias das cientistas na Física. Revista Estudos Feministas, 21, 883-903. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2013000300007
Lopes, L. G. (2015). Gênero como Categoria Condicionante de Delimitações Espaciais: uma análise da trajetória feminina na pós-graduação e produção do conhecimento. Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero, 6(1), 154-168. DOI: 10.5212/Rlagg.v.6.i1.0011
Martins, D. L., Sandokhan, R., Silva, A., de Oliveira, L. F. R., & Silva, E. A. (2015). Mapeando as correlações entre produtividade e investimentos de bolsas em programas de pósgraduação: o caso da Universidade Federal de Goiás. Em Questão, 21(2), 162-180. doi: https://doi.org/10.19132/1808-5245212.162-180
Mendonça, L. G., & de La Rocque, L. R. (2016). A mulher e o “fazer ciência”: uma análise de filmes de comédia no ensino farmacêutico. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 11(3), 723-743. doi: https://doi.org/10.12957/demetra.2016.22464
Menezes, M. B. D. (2019). Protagonismo Feminino na Matemática: criação e evolução do Instituto de Matemática da Universidade Federal da Bahia. Bolema: Boletim de Educação Matemática, 33, 1067-1086. doi: https://doi.org/10.1590/1980-4415v33n65a05
Nascimento, J. L. D., & Nunes, E. D. (2014). Almost an autobiography: a study of social scientists in health based on the Lattes Curriculum. Ciência & Saúde Coletiva, 19(4), 1077-1084. doi: https://doi.org/10.1590/1413-81232014194.12482013
Nunes, D. F. C., Maingué, E. M., & Galdamez, E. V. C. (2016). INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO DAS PESQUISAS CIENTIFICAS DA ÁREA DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NO PERÍODO DE 2010 A 2016. RIC, 10(3), 35. doi: https://doi.org/10.34629/ric.v10i3.35-46
Ohayon, P., Leta, J., Carisey, M., & Séchet, P. (2006). As mulheres na pesquisa, no desenvolvimento tecnológico e na inovação: uma comparação Brasil/França. Revista do Serviço Público, 57(4), 531-548. doi: https://doi.org/10.21874/rsp.v57i4.210
OKUBO, Y. (1997). Bibliometric Indicators and Analysis of Research Systems: Methods and Examples. Paris; Organisation for Economic Co-operation and Development. STI Working Papers 1997/1. doi: https://doi.org/10.1787/18151965
Ribeiro, L., Formado, B. S. R. D. S., Schimidt, S., & Passos, L. (2017). A saia justa da Arqueologia Brasileira: mulheres e feminismos em apuro bibliográfico. Revista Estudos Feministas, 25, 1093-1110. doi: https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n3p1093
Rodrigues, D. C. B., Andrade, N. T., Souza, T., & do Nascimento, C. F. P. (2015). ORGANIZACAO E TRABALHO DAS MULHERES RIBEIRINHAS AMAZONICAS: UM ESTUDO NAS COMUNIDADES DE SANTA LUZIA E SAO LAZARO NO GRANDE LAGO DE MANACAPURU/AM. Retratos de Assentamentos, 18(1), 113-135. doi:https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2015.v18i1.184
Seefeld, V., Clemente, A., Vaz, P. V. C., & Espejo, M. M. D. S. B. (2017). O que eles produzem? Mapeamento do perfil das Dissertações defendidas no Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da UFPR. Revista Contabilidade e Controladoria, 9(3). doi: http://dx.doi.org/10.5380/rcc.v9i3.51134
Silva, S. K., & da Trindade Prestes, E. M. (2018). IGUALDADE DE GÊNERO NO ENSINO SUPERIOR: AVANÇOS E DESAFIOS. Revista Temas em Educação, 27(2), 191-209. doi: https://doi.org/10.22478/ufpb.2359-7003.2018v27n2.37352
Souza, C. V. (2016). Professoras de Antropologia em Minas Gerais: notas sobre a condição da margem. Revista Estudos Feministas, 24, 499-520. doi: https://doi.org/10.1590/1805-9584-2016v24n2p499
Tavares, A. S., & Parente, T. G. (2015). Gênero e carreira científica: um estudo a partir dos dados das universi-dades federais da região norte do Brasil. Revista Ártemis-Estudos de Gênero, Feminismos e Sexualidades, 20. doi: 10.15668/1807-8214/artemis.v20n2p66-75
Teixeira, A. B. M., & de Almeida Freitas, M. (2015). Aspectos acadêmicos e profissionais sobre mulheres cientistas na Física e na Educação Física. Revista Ártemis-Estudos de Gênero, Feminismos e Sexualidades, 20. doi: 10.15668/1807-8214/artemis.v20n2p57-65
Tuesta, E. F., Digiampietri, L. A., Delgado, K. V., & Martins, N. F. A. (2019). Análise da participação das mulheres na ciência: um estudo de caso da área de Ciências Exatas e da Terra no Brasil. Em Questão, 25(1), 37-62. doi: https://doi.org/10.19132/1808-5245251.37-62
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution 3.0 Unported License, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista. Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem ou criem obras derivadas, mesmo que para uso com fins comerciais, contanto que seja dado crédito pela criação original.
b) Não cabe aos autores compensação financeira a qualquer título, por artigos ou resenhas publicados na REPeC.
c) Os artigos e resenhas publicados na REPeC são de responsabilidade exclusiva dos autores.
d) Após sua aprovação, os autores serão identificados em cada artigo, devendo informar à REPeC sua instituição de ensino/pesquisa de vínculo e seu endereço completo.