Ativos Intangíveis e Conservadorismo no Mercado Acionário Brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.17524/repec.v17i1.3164Palavras-chave:
ativos intangíveis, intangibilidade, conservadorismo, qualidade de lucroResumo
Objetivo: O objetivo do trabalho foi analisar a influência do nível de intangibilidade sobre o conservadorismo contábil. Partiu-se de evidências de que a valorização das ações pode influenciar a discricionariedade nas práticas contábeis e também de que ativos intangíveis registrados podem melhorar a qualidade das informações.
Método: Foram estudadas 92 empresas brasileiras de capital aberto no período entre 2014 e 2019. Os modelos empíricos utilizados foram os de Basu (1997) e Ball e Shivakumar (2005). Considerou-se a intangibilidade por duas vertentes: (i) relação entre valor de mercado e valor contábil das ações; e (ii) ativos intangíveis registrados. As informações foram processadas por meio de regressão com dados em painel. Resultados: A intangibilidade baseada em valor de mercado apresentou relação negativa com conservadorismo. Por outro lado, a intangibilidade baseada em valor contábil apresentou relação positiva. Adicionalmente, observou-se que as empresas com maior intangibilidade a partir de valor de mercado não apresentaram o atributo conservadorismo. Constatou-se também que as empresas com maior proporção de ativos intangíveis registrados apresentaram conservadorismo mais significativo.
Contribuições: O trabalho contribui com o meio acadêmico, com os agentes reguladores e com os investidores, no sentido de auxiliar no entendimento da influência dos ativos intangíveis sobre a qualidade da informação contábil.
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