Transações com Partes Relacionadas em empresas com estrutura piramidal: uma comparação dos fatores explicativos nas controladoras e coligadas
DOI:
https://doi.org/10.17524/repec.v15i3.2900Palavras-chave:
Transações com Partes Relacionadas, Estrutura Piramidal, Empresas Controladoras/Controladas, Empresas ColigadasResumo
Objetivo: Na ausência de mecanismos para proteger acionistas minoritários, controladores poderão exercer benefícios privados, utilizando mecanismos como as Transações com Partes Relacionadas (TPRs) ou desvios de direitos. O objetivo deste artigo é analisar os fatores explicativos das TPRs, em empresas controladoras/controladas e coligadas com estrutura piramidal no Brasil.
Método: Os dados de TPRs foram obtidos por meio do Formulário de Referência para 153 empresas no período de 2010 a 2017. Mediante a estimação de regressões quantílicas, buscou-se encontrar os fatores (presença de estrutura piramidal, desempenho, valor da firma e governança corporativa) que mais explicam essas transações, tanto entre controladoras/controladas quanto entre coligadas.
Resultados: Para controladoras/controladas, os fatores explicativos das TPRs são os desvios de direitos, alavancagem, presença de acionistas estrangeiros e auditores independentes. Para coligadas, constataram- se efeitos da rentabilidade do ativo (ROA), tangibilidade e auditoria pelas Big Four.
Contribuições: O estudo contribui ao demonstrar que há um efeito da estrutura piramidal nas TPRs sem empresas controladoras/controladas e do desempenho nas coligadas, sendo que a governança não foi um moderador para mitigar conflitos de interesses. Portanto, abordaram-se temáticas pouco exploradas na literatura nacional e nos mercados emergentes, caracterizados por estruturas de propriedade concentradas, permitindo novos caminhos para as relações de agência.
Palavras-chave: Transações com partes relacionadas; Estrutura piramidal; Empresas controladoras/ controladas; Empresas coligadas.
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